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sábado, 5 de dezembro de 2009

Configurando BIND para utilizar o servidor DNS Público do Google

O Google lançou esta semana o Google Public DNS, visando aumentar a velocidade de resolução de nomes de Internet.

A resolução de DNS (Serviço de Resolução de Nomes) é responsável por converter o nome de um site em endereço IP (www.google.com --> 64.233.163.163). Esse serviço é utilizado sempre que seu computador precisa de um endereço de Internet. Cada vez que um novo nome é convertidio em endereço IP, o resultado desta conversão é guardado em uma tabela de acesso rápido em seu computador para agilizar acessos futuros, ou seja, uma tabela cache ou simplesmente cache.

Um exemplo simples é resolver www.google.com. A primeira vez que você acessar o domínio, o serviço de DNS de seu computador vai verificar o cache local e retornar o endereço IP, mas como é a primeira vez que você tenta acessar o Google hoje, não vai encontrar este nome de domínio em sua tabela cache. Quando isso acontece, uma requisição será feita ao seu servidor de DNS.

Um servidor de DNS também faz um cache dos últimos domínios pesquisados, porém vai recorrer aos Root Servers da Internet caso também não tenha o domínio cadastrado. E assim funciona o DNS e toda a Internet como a conhecemos hoje. A grande questão é entender o problema que o Google Public DNS Resolve.

O primeiro problema é que o tempo de acesso entre computadores na Internet pode ser medido em milisegundos (uma eternidade em termos de transmissão de dados :-) ). O tempo de resposta (Round Trip Time - RTT) é simplesmente o tempo que um computador demora para enviar um pacote e receber a resposta de outro computador. Ou seja, o tempo que o computador A leva para receber a resposta do computador B. Um caso prático é o tempo exibido pelo comando ping. O comando ping envia um pacote usando o protocolo ICMP e espera a resposta do outro sistema, imprimindo o tempo entre a requisição e o recebimento da resposta. Quanto mais distantes os computadores, maior o tempo de acesso. Este efeito é causado pelos meios de transmissão (fibra, satélite, cabos, etc) e pelo roteamento da Internet.

Quando um servidor de DNS não encontra um nome de domínio/host em sua tabela cache, este precisa realizar uma nova pesquisa. No caso de www.google.com, a primeira pesquisa será ao servidor responsável pelos domínios .com sobre o endereço dos servidores do Google. Só então seu servidor fará outra pesquisa, desta vez perguntando o endereço de www ao servidor de google.com. A coisa piora quando você tem nomes com vários níveis, mas o servidor faz um cache destas requisições de forma a evitar todo esse trabalho a cada acesso. O tempo de resposta de cada uma destas pesquisas é igual ao tempo de resposta entre os servidores mais o tempo para processar a resposta propriemente dita.

O problema que o Google Public DNS resolve é centralizar de forma Googleludiana toda essa informação. Isso significa poder utilizar a rede global da Google para armazenar e atualizar estas tabelas de conversão. Outro ponto é responder as requisições de forma muito rápida, coisa que o Google é campeão em fazer. Vários provedores de acesso tem mega-caches de domínios, porém a atualização deste cache é um outro problema. O Google pretende resolver o problema dos grandes caches e ainda aumentar o nível de segurança do serviço de resolução de nomes (DNS).

Um exemplo: imagine que o tempo de resposta entre seu servidor de DNS é igual a T. Para responder o endereço IP de www.google.com, teríamos algo como 3T ou 4T. Considere que no caso do Brasil, com redes lentas, esse T é bem grande (>100ms). Pense também que uma simples página web pode ter dezenas de nomes a resolver. Isso causa um atraso enorme ao tempo total de carga da página. Usando o serviço do Google, o tempo de resposta se aproxima de T (uma vez que as tabelas cache do Google tendem a ser maiores e mais rápidas que a do seu pobre ou rico servidor).

Uma descrição completa do problema e da solução pode ser encontrada neste link.

Agora, como usar isso. A tentação pode ser de simplesmente trocar o IP do seu servidor de DNS para 8.8.8.8 e 8.8.4.4. Esta solução é muito interessante e é descrita nas páginas do serviço, mas o melhor mesmo é configurar seu servidor local de DNS para utilizar este serviço. Isto minimiza o tempo de acesso de todas as máquinas da rede e como o tempo de acesso ao servidor local é muito menor que acessar o servidor do Google, o tempo de resolução de domínios ficará bem baixo.

Para quem usa o Bind no Linux sem ter o mesmo configurado como servidor de domínios local ou principal, simplesmente como cache de DNS, basta adicionar as seguintes linhas no /etc/bind/named.conf (o endereço pode mudar de acordo com a sua distribuição Linux).

Adicione as linhas com os servidores do Google (em negrito) logo depois de directory, dentro de options:

options {
directory "/var/bind";


forwarders { 8.8.8.8; 8.8.4.4; };
forward only;


Depois disso, recarrege a configuração do Bind (/etc/init.d/named reload) e tudo feito. Agora você conta com seu cache local e com o serviço público do Google. A diferença é bem perceptível.

Você também pode obter um bom desempenho configurando os servidores do Google em seu roteador de acesso sem fio, mas isso vai depender da velocidade de resposta do mesmo. Vale experimentar!