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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Programe ou seja programado

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Eu vi este vídeo ano passado, mas como não tinha legendas em português... não o coloquei aqui.
Porém, mesmo sem legendas, estas ideias não poderiam ficar sem um comentário breve.
Assista ao vídeo:



Douglas Rushkoff apresenta a importância do conhecimento de programação no mundo moderno.
Não que ele defenda um mundo de programadores ou que aborde uma linguagem de programação X ou Y.
O que é fantástico no vídeo é a relação entre a invenção da escrita, programação e as mídias modernas.
Do início do compartilhamento do conhecimento através da escrita, de livros e depois com a invenção da prensa moderna, ele compara o acesso do cidadão comum a cada uma destas formas de transmissão do saber. Como esse conhecimento era controlado e distribuído entre as pessoas comuns e como sempre a sociedade comum estava um passo atrás das últimas tecnologias de produção e distribuição deste mesmo conhecimento.

A questão é realmente saber se hoje estamos ficando para trás, ao não incluirmos a programação no mundo de nossos filhos. Hoje, tão importante quanto ler e escrever, programar é necessário. De uma simples planilha a sistemas complexos, diferentes níveis de programação são utilizados. Assim como a invenção da escrita não levou a uma sociedade de escritores, como apresentado no vídeo, a programação não criará uma sociedade de programadores. O ponto é realmente ter ideia do que pode ser programado, de ter noções básicas de como as coisas funcionam e não de simplesmente utilizar os meios como nos são fornecidos: Twitter, Facebook, Google e mesmo a web.

O vídeo postado pela Wilmara no Facebook me chamou a atenção para o problema da educação:



Isso me fez pensar no por quê meus filhos ainda perguntam que língua é falada em tal ou tal país... tendo a Wikipédia e o Google disponíveis. Eles sabem acessar o Facebook, jogos e principalmente o YouTube. Mas a capacidade de síntese não é dada ou ensinada na escola. Continuamos a ensinar a decorar e não a reunir novas informações e criticar o conhecimento. Lembro do tempo que passei para achar o nome científico de 10 animais quando estava no primário... hoje isso seria feito em segundos!

O foco continua sendo: ler, memorizar, repetir. Eu fui confrontado com esta realidade no meu primeiro emprego, como professor de lógica de programação. Os alunos estavam na faixa dos 15 anos, e eu tinha acabado de completar 18. Quando começamos a trabalhar com problemas simples de matemática, como porcentagens e proporções a casa caiu. Isso era muito estranho, pois eu era professor numa escola técnica, digamos elitista do ponto de vista que você tinha que ser aprovado num concurso para estudar lá. Não eram alunos ruins ou com problemas de aprendizado, mas alunos acima da média! O que alguns tinham dificuldade era em como utilizar o conhecimento passado através de exercícios de cálculo para uma nova realidade. Repito, não era problema em calcular, mas de saber que técnica já conhecida utilizar para resolver um problema similar, mas em outro contexto. Era simplesmente desenvolver suas equações, escrever enunciados de novos problemas, aplicar o que já sabiam, o contrário da forma como tinham sido preparados a vida toda!

Traçando um paralelo: será que ao invés de apenas deixar nossas crianças assistirem vídeos no YouTube, deveríamos ensiná-las a criar seus próprios vídeos? A escrever corretamente, ou pelo menos tentar escrever corretamente, usando wikis e mesmo criando suas próprias home pages? Aqui falamos de programação em sentido mais amplo, como dominar as ferramentas que utilizamos. Afinal, eu não sou artista, mas recebi noções básicas de arte na escola... ainda sei combinar cores, embora não saiba desenhar ou pintar. Precisamos ensinar nossas crianças a dominar as novas mídias. Não para criar uma sociedade de programadores, mas para evitar que eles simplesmente consumam conhecimento sem a menor noção de como este é produzido, armazenado, disponibilizado e principalmente as formas que pode ser controlado.

Vídeo bônus:

Only at OR Books: Program or Be Programmed by Douglas Rushkoff from OR Books on Vimeo.